Telefone ao volante é o grande vilão dos acidentes, apontam especialistas (Maurício Vieira)
Distrações e imprudências são as principais causas de acidentes no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Em 2022, quase metade das ocorrências estão relacionadas à falta de atenção. Especialistas alertam que o uso de celular é o “grande vilão”.
Dados da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) apontam que dos 446 acidentes na via, entre 1º de janeiro e 22 de agosto, 206 (46,1%) tiveram como causa presumida “falta de atenção”. Colisões nas traseiras e nas laterais dos veículos lideram, com 127 e 122 registros, respectivamente.
“É a falta de direção defensiva. O condutor tem que dirigir pensando no que pode acontecer”, afirma o tenente André Muniz, da PMRv. O militar alerta para a necessidade de se manter uma distância segura entre os automóveis. “Se algo ocorrer é preciso ter espaço para parar ou desviar”, orienta.
O Anel Rodoviário é palco frequente de acidentes. Neste ano, a média é de quase dois por dia. Quinze pessoas morreram e 61 ficaram gravemente feridas. Outras 483 tiveram ferimentos leves. Publicidade
Celular: o grande vilão
O uso de celular ao volante está por trás da maioria dos acidentes, analisa Muniz. “O telefone é o grande vilão”, garante.
O ato de enviar uma mensagem de texto com o carro a 80 km/h equivale a dirigir em um campo de futebol inteiro com os olhos vendados. O alerta é da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).
“O motorista distraído terá tempo menor tempo de reação”, explica o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego, Alysson Coimbra.
O médico também alerta para os impactos do telefone, mesmo após terminar o envio da mensagem ou encerrar uma ligação.
“Ocorre redução das áreas cognitivas destinadas para a direção. Mesmo quando se desliga a chamada, o motorista fica pensando sobre o assunto”, comenta o especialista.
Outras causas
Ainda conforme os dados da PMRv, após falta de atenção, as causas que mais provocaram sinistros no Anel Rodoviário neste ano são: “não manter distância segura” (62 casos), “conduta inadequada do pedestre” (29) e “velocidade incompatível” (19).
Em uma tentativa de evitar acidentes no Anel Rodoviário, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) instalou no início deste mês uma área de escape, no km 541, entre a BR-040 e o trevo do Betânia, na região Oeste. A estrutura é composta por uma caixa de concreto e camadas de argila expansiva.
Em casos de emergência, o motorista pode virar o veículo em direção ao equipamento. No último dia 16, um caminhão carregado de minério perdeu o freio e usou a área para evitar um possível acidente.
Para o tenente Muniz, o Anel Rodoviário tem problemas de estrutura. Contudo, “o culpado quase sempre é o ser humano”.
FONTE: HOJE EM DIA